Vidros escurecidos: quando são legais e quanto custa para aplicar
Os vidros escurecidos (ou películas escuras) são uma tendência estética e funcional: oferecem privacidade, protegem contra o sol e até ajudam a reduzir a temperatura interior do automóvel. Mas atenção: em Portugal, colocá-los não é simplesmente uma questão de vontade - é preciso cumprir regras específicas para que a alteração seja legal e para que o carro passe na inspeção sem problemas.
Neste artigo explico com detalhe o que diz a lei, os limites permitidos e como fazer tudo certinho para não reprovar.
O que diz a lei
Em Portugal, a colocação de películas nos vidros do automóvel não é um processo livre e só pode ser feita por empresas autorizadas, que possuam um Certificado de Aplicação válido.
Segundo o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), as películas têm de cumprir critérios técnicos rigorosos. Antes de serem aprovadas, são sujeitas a testes como:
- Fragmentação do vidro em caso de quebra;
- Resistência ao fogo, garantindo maior segurança;
- Medição do fator de transmissão luminosa, que determina o nível de transparência permitido.
Apenas as películas com marca de homologação nacional, ou com homologação reconhecida por outros Estados-Membros da União Europeia, podem ser aplicadas. Essa marca deve ser visível e legível no próprio vidro depois da instalação.
Em termos de limites legais, a transmissão luminosa não pode ser inferior a 75% no para-brisas e a 70% nos vidros dianteiros (antes do pilar B). Nos vidros traseiros, não há restrição de opacidade.
Por fim, a transformação só é considerada válida depois de passar por uma inspeção extraordinária e ser averbada no Certificado de Matrícula (DUA).
Quanto custa escurecer os vidros de um carro
Legalizar vidros escurecidos em Portugal envolve vários custos obrigatórios. O processo começa com uma taxa de 150 € cobrada pelo IMT, referente à transformação do veículo. A este valor soma-se ainda uma taxa administrativa de 30 € para atualizar os dados no Certificado de Matrícula.
Além das taxas, é necessário realizar uma inspeção extraordinária, com um custo aproximado de 100 €, e pagar a própria aplicação da película, que em muitas oficinas pode rondar os 200 €, dependendo do material e da qualidade do serviço.
No total, o investimento para ter vidros escurecidos devidamente homologados pode facilmente ultrapassar os 450 €, tornando esta uma alteração estética e funcional relativamente dispendiosa.
Consequências de não cumprir as regras
Ter vidros escurecidos fora da lei pode trazer vários problemas:
- Na inspeção periódica
- Se o para-brisas ou os vidros dianteiros estiverem mais escuros do que o permitido, o carro pode chumbar na inspeção.
- Nesses casos, o proprietário é obrigado a remover as películas para voltar a circular legalmente.
- Em fiscalizações na estrada
- A polícia pode aplicar multas elevadas se detetar películas não homologadas ou alterações que não estejam registadas no Documento Único Automóvel.
- No seguro automóvel
- Em caso de acidente, se o veículo não estiver em conformidade, a seguradora pode recusar cobrir total ou parcialmente os danos.
Em resumo - além de gastar dinheiro na aplicação, arriscas coimas, complicações com o seguro e até a obrigação de retirar tudo para ficar dentro da lei.
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