O fim dos motores 1.2 PureTech: Conheça a História

O motor 1.2 PureTech agora Stellantis foi lançado como uma solução moderna e eficiente para automóveis compactos e familiares. Presente em marcas muito populares em Portugal - como a Peugeot, Citroën, Opel ou até o Toyota.
O motor destacou-se pelo desempenho equilibrado e consumos reduzidos. No entanto, com o passar dos anos, surgiram vários relatos de falhas graves neste motor, especialmente relacionados com a correia de distribuição.
Neste artigo, explicamos o que está na origem destes problemas.
- Como funciona o sistema “wet belt” dos motores 1.2 PureTech
- Qual o problema com os motores 1.2 PureTech
- Que impactos sentiram os proprietários
- Resposta da Stellantis: recalls e garantia alargada
- O fim dos motores 1.2 PureTech
Como funciona o sistema “wet belt” dos motores 1.2 PureTech
O motor 1.2 PureTech utiliza uma correia de distribuição "molhada" (wet belt), ou seja, uma correia que funciona submersa no óleo do motor. Esta tecnologia foi introduzida com o objetivo de reduzir o atrito, melhorar a eficiência do motor e prolongar a durabilidade da correia, ao mesmo tempo que contribuía para menores consumos e emissões.
Ao circular no óleo, a correia também lubrifica outros componentes, permitindo um funcionamento mais suave do motor - pelo menos em teoria.
Qual o problema com os motores 1.2 PureTech
Com o passar do tempo, a correia “molhada” no motor 1.2 PureTech revelou-se menos fiável do que o esperado. Em contacto permanente com o óleo, a borracha da correia pode começar a degradar-se prematuramente, especialmente se a manutenção não for feita com o óleo correto ou nos intervalos recomendados.
À medida que se desgasta, a correia solta partículas de borracha, que contaminam o óleo e comprometem o funcionamento de componentes vitais do motor. As consequências podem incluir:
- Obstrução da bomba de óleo e perda de lubrificação;
- Redução da pressão do óleo, sem aviso imediato ao condutor;
- Danos internos em peças como o turbo, pistões ou árvores de cames;
- Em casos graves, falha completa do motor com necessidade de substituição.
Muitos condutores reportaram estas avarias antes dos 60.000 km, mesmo com histórico de revisões.
Que impactos sentiram os proprietários
Para muitos proprietários de veículos equipados com o motor 1.2 PureTech, os problemas mecânicos resultaram em consequências reais e dispendiosas. As reparações em casos graves de avaria podem chegar aos 7.000 €, especialmente quando há necessidade de substituir o motor completo ou o sistema de distribuição e lubrificação.
Resposta da Stellantis: recalls e garantia alargada
Face à pressão pública e ao volume de reclamações, a Stellantis (grupo que inclui Peugeot, Citroën, Opel e DS) lançou várias campanhas de recall entre 2020 e 2022, focadas na substituição da correia de distribuição por versões melhoradas ou na inspeção preventiva dos motores.
Adicionalmente, foi oferecida uma extensão de garantia até 10 anos ou 175.000 km, desde que o veículo tenha histórico de manutenção atualizado e cumpra os requisitos definidos pela marca.
Apesar destas medidas, muitos utilizadores sentem que as soluções chegaram tarde, não cobrem todos os casos e não compensam a desvalorização dos carros usados com este motor, que muitas vezes se tornam difíceis de vender no mercado.
O fim dos motores 1.2 PureTech
Desde 2023, a Stellantis lançou uma versão atualizada do motor 1.2 (geração EB Gen 3) com corrente de distribuição, em substituição da problemática correia “molhada”. Esta atualização inclui melhorias técnicas como turbocompressor de geometria variável e menor consumo de óleo.
A partir de setembro de 2024, a Stellantis deixou de utilizar o nome PureTech nas comunicações oficiais, eliminando essa designação da decoração e marketing dos modelos - em particular da Peugeot - mantendo apenas a indicação da potência sem referência à família do motor.
